terça-feira, 19 de outubro de 2010

Estudo indica que DIU pode servir para tratar cancêr do endométrio

Dispositivos intrauterinos (DIUs), originalmente concebidos como contraceptivos, poderão ser usados para tratar e mesmo curar o câncer de endométrio, de acordo com um estudo italiano publicado on-line no periódico especializado Annals of Oncology no fim de setembro. A descoberta abre caminho para jovens mulheres que têm a doença, para quem a histerectomia significa o fim do sonho de ser mãe.
Um grupo de pesquisadores do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão, descobriu que a aplicação do DIU, que libera progesterona sintética dentro do útero, combinado com uma injeção mensal do hormônio GnRH, durante um semestre, pode deter e reverter o crescimento do tumor em mulheres com menos de 40 anos. A progesterona sintética inibe o crescimento do tecido endometrial do útero, enquanto o GnRH interrompe a produção do estrogêneo, hormônio associado ao desenvolvimento do câncer de endométrio.
O estudo, porém, só foi realizado com mulheres com hiperplasia endometrial atípica, doença precursora do câncer, ou com tumor em estágio inicial, quando ainda não se espalhou para fora do endométrio. Entre 1996 e 2009, 39 pacientes entre 20 e 40 anos foram tratadas sendo que 34 mostraram-se aptas para participar do teste.
O DIU foi implantado durante um ano e, à medida que o câncer não cresceu ou diminuiu, os médicos retiraram o dispositivo, permitindo que as mulheres pudessem planejar uma gravidez. Depois da retirada do DIU, os pesquisadores acompanharam as pacientes a cada seis meses para checar se o câncer não havia voltado. Uma vez que satisfizeram o desejo de serem mães — não apenas uma vez, mas quantas vezes quiseram —, as pacientes foram, finalmente, submetidas à retirada do útero, para evitar que o tumor voltasse a longo prazo.
Das 20 pacientes com hiperplasia endometrial atípica, 95% responderam bem ao início do tratamento, embora quatro tenham piorado depois e voltado à terapia. Das 14 no estágio inicial do câncer, 57,1% tiveram resposta completamente positiva, 28% sofreram com a progressão da doença e duas pacientes que inicialmente foram bem pioraram depois. Ao fim da pesquisa, todas as mulheres continuavam vivas. Nove tiveram, ao todo, 11 gestações, e nove bebês nasceram.
“O uso do dispositivo intrauterino nos permite enviar uma dose muito maior da progesterona sintética à superfície do endométrio do que seria possível por meio de uma pílula. “Acreditamos que esse é o tratamento ideal para jovens pacientes que podem não querer crianças imediatamente, mas gostariam de engravidar no futuro”, disse um dos autores do estudo, Lucas Minig.
 

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